Saúde no Contexto Amazônico: Uma Abordagem Interdisciplinar

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6/20/20252 min read

COVID-19 e Gravidez na Amazônia: A Realidade Que Pouca Gente Vê

Quando a pandemia da COVID-19 chegou com tudo, um dos públicos mais afetados — e ao mesmo tempo menos falados — foram as gestantes. E se você acha que isso já é preocupante, imagina quando olhamos pra realidade das grávidas na região amazônica. Spoiler: o cenário é tenso.

A COVID-19 e os riscos para as grávidas

Durante a gestação, o corpo da mulher passa por várias mudanças físicas e imunológicas. Isso, por si só, já aumenta a vulnerabilidade a infecções respiratórias, como a causada pelo coronavírus. No Brasil, inclusive, o Ministério da Saúde passou a considerar todas as gestantes e puérperas como grupo de risco para COVID-19.

E aí entra a Amazônia — com uma infraestrutura de saúde muitas vezes frágil, acesso precário a exames e tratamentos, e dificuldades logísticas gigantes. A combinação disso tudo torna o cenário ainda mais complicado.

Diagnóstico difícil, atendimento mais ainda

As mulheres grávidas na Amazônia enfrentaram uma verdadeira peregrinação durante a pandemia. Acesso limitado a exames, leitos de UTI obstétrica escassos, falta de acompanhamento adequado no pré-natal... Tudo isso agravou a situação. Muitas só conseguiam diagnóstico quando já estavam em estágio grave da doença.

Além disso, fatores como comorbidades (diabetes, obesidade, doenças cardiovasculares) e idade elevada também aumentaram os riscos. Em contraste, a cor branca apareceu como um fator de proteção em alguns estudos — o que escancara as desigualdades sociais.

A mortalidade materna explodiu

Segundo estudos recentes, o Brasil lidera o ranking mundial de mortes maternas por COVID-19. E pasmem: só nos primeiros meses da pandemia, o número de óbitos maternos no país superou os registrados durante a epidemia de H1N1 em 2009. O estado do Pará, por exemplo, foi um dos mais afetados.

O mais grave? Em muitos desses casos, as gestantes não chegaram a ser internadas em UTI, ou sequer tiveram acesso a suporte respiratório. Ou seja, a falta de estrutura matou.

Povos tradicionais ainda mais vulneráveis

Na Amazônia, a situação é ainda mais delicada para povos indígenas, ribeirinhos e quilombolas. Esses grupos enfrentam um histórico de invisibilidade, subnotificação dos casos e abandono institucional. A pandemia só escancarou o que já era uma ferida aberta.

O que precisa mudar?

Mais do que nunca, é urgente investir em políticas públicas voltadas à saúde da mulher e, principalmente, das gestantes em regiões vulneráveis. É preciso garantir acesso real à atenção básica, pré-natal de qualidade, exames diagnósticos e leitos especializados.

Além disso, o planejamento intersetorial deve considerar as especificidades do território amazônico — que vão muito além da geografia: estamos falando de cultura, mobilidade, desigualdade e resistência.

Conclusão: A COVID-19 não foi só uma crise sanitária, foi (e ainda é) um espelho das nossas desigualdades. E as gestantes amazônicas sentiram isso na pele. Que esse cenário sirva como um alerta e um ponto de virada para uma saúde pública mais justa e acessível.